quinta-feira

Terminemos o que Cristo começou!

Terminemos o que Cristo começou!

Por Dr. Russell Shedd

O desafio de que mais de dois bilhões de homens estão sem nenhuma possibilidade de conhecer a Cristo, pesa tremendamente sobre a Igreja. O mandato que Jesus nosso Senhor e Rei nos deu aguarda um compromisso mais profundo e abrangente da parte dos evangélicos do nosso país. Um folheto que Hudson Taylor escreveu fez arder o coração de Fraser, um missionário nas regiões remotas da China. Tinha as seguintes palavras: "Um mandato foi dado: 'Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura'". Isto não tem sido obedecido. Mais do que a metade das pessoas do mundo ainda não ouviu o Evangelho. O que dizemos sobre isto? Certamente é uma consideração que pertence a nós cristãos, pois somos os responsáveis, e mais ninguém. Os anjos não são responsáveis, porque Deus não lhes falou para pregarem o Evangelho aos perdidos. Nem Deus espera que as pessoas não convertidas levem as Suas Boas Novas a eles. Ele espera que os Seus discípulos o façam... O que poderíamos dizer se nosso mestre voltasse hoje e descobrisse que, depois de 19 séculos, mais do que a metade do mundo continua totalmente sem o Evangelho? "O Evangelho a toda criatura" - uma ordem clara. "Milhões nunca O ouviram" - um fato simples. O que vamos dizer? Eu, por mim, estou totalmente sem noção do que poderíamos dizer. Depois de cogitar sobre esta questão, tentando buscar em todas as direções uma desculpa razoável, sou obrigado a desistir... De uma coisa, porém, estou certo - que a maioria das desculpas que costumamos dar agora, com tão boa consciência, vão nos envergonhar naquele dia. Que não percebemos a importância de que nossos semelhantes, tão facilmente alcançáveis e em perfeitas condições de entenderem a mensagem do amor redentor de Deus - e com tão grande necessidade de ouvi-la - estão ainda abandonados a perecer, aos milhões. Quando os discípulos perguntaram, "Senhor, será este o tempo em que restaures o reino de Israel?" (At 1.6), eles queriam que Jesus os encorajasse comunicando a breve inauguração do reino messiânico. Creio que os discípulos de Cristo imaginavam uma nação cristã universal, utópica, semelhante àquela que Jesus apresentou no Sermão da Montanha. Os comunistas também pensam numa utopia mundial, em que através do controle do pensamento, da economia, da produção e da justa distribuição de tudo, eliminem toda a injustiça no mundo. Assim, os companheiros de Jesus previam bênçãos incessantes para toda a humanidade, por intermédio do Reino, sob o controle de Israel, encabeçado por Jesus e Seus seguidores. Nenhum de nós duvida que o Reino de Deus, com sua perfeita justiça, será gloriosamente, superior aos reinos deste mundo, todos submissos ao espírito da potestade do ar, que atua nos filhos da desobediência (Ef 2.2): "Todo o mundo jaz no maligno", escreveu João na sua primeira carta (1Jo 5.19). Não é um quadro que inspira otimismo! Jesus responde com uma advertência: "Não cabe a vocês saber a ocasião, ou o dia, que o Pai marcou pela sua própria autoridade" (v. 7). Mas, o que Jesus queria dizer com isto? Parece-me que os discípulos pensavam da mesma maneira que muitos judeus da época. Pensavam que Deus interviria direta e esmagadoramente, e que destruiria totalmente o poder pagão. Israel ficaria no cume do poder. Não foi esse o quadro que Daniel previu no seu sétimo capítulo? Quatro animais prefigurando os sucessivos impérios pagãos, poderosos e cruéis, dominariam a Israel, mas, finalmente, Deus interviria para os aniquilar. Disse o profeta Daniel: "... os santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para todo o sempre" (v. 18 e v. 22). Era natural pensar que a intervenção de Deus, quando levantou Jesus dentre os mortos, seria o primeiro passo do estabelecimento do reino universal, tal qual Daniel tinha previsto. Por isso os discípulos acharam que estavam vivendo precisamente o momento em que Deus destruiria o "quarto animal" de Daniel, que eles certamente identificavam com o Império Romano. Removido o poder de Roma, Deus estabeleceria sua capital em Jerusalém, e entronizaria aí Seu imperador, Jesus Cristo, o Senhor de todos. Jesus não negou este quadro apocalíptico, tão familiar aos judeus do primeiro século, como também é o caso daqueles que hoje lêem livros como "Agonia do Planeta Terra" e "Apocalipse já!". Ele simplesmente disse: "Não vos compete conhecer os tempos!". Os discípulos queriam saber, como nós muitas vezes queremos, "quando virá o fim" (Mt 24.3). Mas Deus Pai não abre mão dessa informação. Não é para tentarmos calcular quando o Reino glorioso de Cristo será estabelecido na terra! Através dos séculos, desde os acontecimentos do livro de Atos, muitos cristãos têm esperado ansiosamente a volta de Cristo. Muitos venderam suas propriedades, na esperança de que o Reino fosse começar em certa data. As testemunhas de Jeová dizem que Cristo já voltou em 1914, apesar de não terem nenhuma evidência convincente. Hoje em dia ainda há pessoas que interpretam os eventos contemporâneos como o cumprimento de profecias bíblicas. Mas Jesus deixou muito claro nestes versículos, que em vez de se preocuparem com os tempos e as épocas, Seus discípulos deveriam se comprometer com a missão. A igreja do Brasil, milhares de vezes maior do que o grupo dos onze, também precisa levar a sério a missão que Jesus deu aos discípulos, depois de Sua morte. Não devemos perguntar quando Jesus estabelecerá o Seu Reino. Devemos planejar como cumpriremos a missão que antecederá Sua vinda e o estabelecimento deste Reino de justiça. A missão e a promessa "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo" (v. 8 )"... não muito depois destes dias" (v. 5). Em vez de receber o domínio e autoridade que o Reino lhes outorgaria, os discípulos deveriam se tornar portadores do poder do Espírito de Deus. A vinda do Espírito sobre eles significaria o cumprimento da promessa do Pai. Este acontecimento seria tão claro e significante para o mundo, como a promessa de que daria o Reino a Israel. Diante dessa arma secreta, o reino de Satanás ficaria vulnerável frente ao mais simples e incompetente pescador transformado em evangelista. A missão divina requer poder divino, e não domínio humano e político. O Espírito concede poder, não para que a intervenção de Deus se manifeste nos centros políticos do poder, mas em corações humanos. Seria para os discípulos a concessão das primícias de todas as bênçãos do Reino; isto os transformaria em homens que, como Jesus, manifestariam o Reino de Deus aqui na Terra, pela submissão total à vontade do Rei. O derramamento do Espírito e o recebimento de poder não tinham como finalidade exaltar os discípulos, nem torná-los famosos. Pelo contrário, foi para torná-los em "testemunhas" de Cristo. A promessa também aponta para o fim, o escaton, que tanto atraía e incentivava os cristãos primitivos. Sendo que a missão começou em Jerusalém e irá até os confins da Terra, completar-se-á nas bandas mais distantes. Jesus não disse "os confins do universo". O globo terrestre coloca os limites da responsabilidade da evangelização. Para cumprir tão ousada missão, Ele mesmo estaria com eles até o fim do século (Mt 28.20). Tanto "os confins da terra" e o "fim do século" coincidem na evangelização. Os apóstolos, incluindo Paulo, não conheciam as dimensões deste planeta. Seguramente não pensavam que a tarefa fosse demorar mais do que uma só geração para se completar. Não tinham nenhuma idéia de quantas línguas teriam que ser aprendidas para evangelizar todas as nações. Paulo deixa bem claro que ele pessoalmente esperava estar vivo quando Jesus voltasse (1Ts 4 e 1Co 15). Agora, umas 60 gerações depois, ainda não se deu por encerrada a missão que o Senhor deu para sua Igreja. A mobilização e envio de mais dos atuais 50.000 missionários protestantes, talvez prometa que nesta geração cheguemos aos confins da terra. Missionários, como os meus pais, sentiram este mesmo desafio. Saíram com o firme propósito de conquistar o mundo para Cristo, mas não chegaram até os confins da Terra. Não alcançaram a todas as tribos, línguas e nações (Ap 5.9). Agora, com o auxílio dos missionários dos países recentemente evangelizados, poderemos cumprir a missão da Igreja? Esta geração corresponderá ao desafio que o Senhor nos deu? Na promessa do Espírito, não nos deparamos apenas com a possibilidade de cumprir a missão com Seu poder, mas também devemos reconhecer a estratégia indicada por Deus (At 1.8 ). Quando Jesus falava com os discípulos, estavam, todos, no Monte das Oliveiras, onde ocorreu a ascensão. Jerusalém situava-se a apenas uns 1000 metros dos seus pés. Deveriam começar ali. Uma vez firmado o fundamento da Igreja naquela cidade, deveriam plantar a boa semente nos campos da Judéia, Samaria e Galiléia, todos preparados pelo ministério de Jesus durante os três primeiros anos de pregação do Reino. Em seguida, deveriam expandir o círculo cada vez mais, até que alcançassem os povos mais distantes. Foi justamente a realização desta estratégia que Lucas quis demonstrar em Atos, historiando o movimento cristão desde suas origens em Jerusalém, até Roma, onde os povos das mais distantes terras então conhecidas, se encontravam. Com o poder do Espírito e esta estratégia dada pelo Senhor, a única razão para o não cumprimento da missão será a desobediência dos discípulos. Paulo e os onze fizeram sua parte. Antes do fim do primeiro século, as boas novas da salvação foram divulgadas em boa parte do Império Romano. Conclusão Completar a missão que Jesus deu para Seus discípulos dependia do compromisso de fé, deles e nosso. Seguros que a realidade da presença do Espírito estava com eles, milagres, como a tremenda ceifa do dia de Pentecoste, não lhes surpreenderam. Hoje, quem recebeu a Jesus Cristo também tem o Seu Espírito (Rm 8.9). Quem recebeu Seu Espírito, também pode contar com Seu poder divino para cumprir sua responsabilidade na missão da Igreja. Só a Igreja habilitada e dirigida pelo Espírito, levará a cabo esta missão que Jesus Cristo destinou a seus discípulos. Uma vez completada a missão, podemos esperar com confiança o estabelecimento do Reino em poder. Foi Cristo quem alertou aos primeiros missionários... "E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo para testemunho a todas as nações. Então virá o fim" (Mt 24.14). Quando oramos "venha o teu reino", na realidade estamos pedindo que Deus faça da Sua Igreja uma testemunha poderosa, irrestrita em ousadia e na geografia. Estamos, como Tiago e João, dispostos a pagar o preço, e a pôr de lado os interesses egoístas que nos prendem? Supliquemos que Deus renove nosso compromisso com a gloriosa missão de anunciar as boas novas a todos aqueles que nunca as ouviram.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Palavra de Russel Shedd

Por Russell Shedd

Sistemas econômicos, sociais e religiosos, caracterizados pela desumanidade, confirmam o ensino bíblico de que o mundo faz parte do espólio do diabo, que luta fortemente para manter cativo o que ele conquistou na queda (Matheus 12:29). Sistemas econômicos, políticos e judiciários, relações raciais e internacionais revelam a infiltração do “joio” semeado pelo inimigo de Deus no mundo (Matheus 13:28). No meio da criação, cresce indiscriminadamente tudo o que se opõe à intenção divina. Ainda que todos nós estejamos envolvidos no pecado corporativo do mundo e, sem querer, sejamos participantes das investidas do “senhor” deste século contra Deus, como cristãos, temos a responsabilidade de confessar nossa culpa conforme as palavras do professor Richard Lovelace. Foi assim que Neemias (09:16-37) e Daniel (09:03-19) lutaram, reconhecendo a participação dos justos no sistema apodrecido da nação. É somente pela morte que podemos nos livrar da malha humana da qual fazemos parte. Como os soldados romanos que crucificaram o Senhor da Glória, mas não sabiam o que faziam, contribuímos, queiramos ou não, para os propósitos do inimigo. Mesmo assim, o clarim de Deus nos convida: “Retirai-vos dela (a Babilônia que corrompe as nações), povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados...”(Apocalipse 18:04). A advertência bíblica contra qualquer jugo desigual com os incrédulos, para evitar a contaminação do povo de Deus (II Corinthians 06:14-18; Levítico 26:12; Jeremias 32:38; Ezequiel 37:27; Isaías 52:11), deve nos alertar contra uma despreocupação com o mundanismo do qual parece impossível escapar.
A confissão e a separação das trevas devem ser acompanhadas de um ministério profético. Pela denúncia da injustiça e pelo modelo amoroso da igreja, que obedece à verdade e demonstra o amor fraternal, ágape, de coração ardente (I Pedro 01:22), será possível levantar uma barricada contra as forças aliadas do mal. Mais do que nunca, os cristãos precisam acordar, levantando-se dentre os mortos para buscar a iluminação de Cristo (Efésios 05:14). No crepúsculo vespertino da história, urge que a igreja nacional e internacional reconheça os dias desafiantes que enfrentamos. Quebremos os laços invisíveis do mundo que nos algema. Levantemos um clamor até o céu com petições incessantes ao Senhor, para que Ele abra os olhos do coração do seu povo (Efésios 01:18), fazendo-o distinguir as ciladas do diabo e renovar uma luta eficaz contra a carne. Somente uma mobilização intensa e geral nos garantirá a vitória. Precisamos reconhecer o perigo da mente secularizada, a mente que sufoca e abafa qualquer concessão aos princípios cristãos. O avanço do secularismo mundano e o rápido esvanecimento dos traços cristãos na sociedade devem forçar a Igreja a ser mais conscientemente cristã. É urgente aumentar o compromisso cristão no nível social e intelectual. Acima de tudo, precisamos articular e propagar o evangelho como a única alternativa para estes dias que se assemelham àqueles, “anteriores ao dilúvio”(Matheus 24:38). Se não cremos que vale a pena resistir ao diabo, desvendar as falsas atrações do mundo e mortificar a carne, só nos resta aguardar o suicídio espiritual do “povo” de Deus. É hora de encerrar estas linhas. Multiplicar palavras não aumenta necessariamente a força do compromisso de guerrear contra os inimigos de Deus. Mas a maior preocupação persiste: até onde nós, evangélicos, estamos engajados na luta? Que incentivo divino ou humano seria capaz de mobilizar os santos brasileiros para que gastem cinco minutos a mais em oração, batalhando contra o mundo, mortificando a carne e resistindo ao diabo? Que motivação de qualquer procedência nos convenceria de que “perseguir a santificação” é imprescindível, mil vezes mais importante do que levantar um templo novo, amplo e belo? Estruturas eclesiásticas, domínio político, poderio econômico, prédios faraônicos, organização mundial, tudo foi conquistado pela Igreja há mil anos. Mas todo esse sucesso eclesiástico não protegeu o povo de Deus das incursões do secularismo (Tito 02:12). Através dos séculos, avanços obtidos no âmbito humano foram compensados por perdas espirituais. A história se repete, mas há escapatória: basta que a igreja identifique seus adversários e confiantemente coloque toda a armadura de Deus. O Senhor tem sido e será nosso refúgio de geração em geração (Salmo 90:01). Russel Shedd

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Reflexões sobre a Igreja

Por Dr. Russell Philip Shedd

Parece que a maioria dos evangélicos pensa que uma igreja grande exalta a Deus mais do que um grupo de igrejas pequenas... Os líderes evangélicos que compuseram o catecismo curto de Westminster corretamente afirmaram que a finalidade do homem é glorificar a Deus. Nossos alvos na edificação da igreja não devem fugir a este mesmo propósito. Parece que a maioria dos evangélicos pensa que uma igreja grande, com centenas ou milhares de membros, exalta a Deus mais do que um grupo de igrejas pequenas que congregam o mesmo número de crentes em garagens, salas e outros locais, apropriados ou não. Belos templos construídos como monumentos, ao bom gosto dos seus membros afluentes, são sinais de sucesso. Qual é o pastor que não aprecia o privilégio de liderar um povo bem organizado, dispondo de excelentes equipamentos, secretárias e um orçamento que facilita o pagamento de belos salários aos obreiros; de abrir novas congregações e poder sustentar missionários e obras sociais. Uma igreja grande tem muitas opções e liberdade para agir porque mobiliza muitas pessoas. Igrejas pequenas parecem insignificantes e restritas. Mas há cristãos que se sentem incomodados com o tipo da igreja que se assemelha a uma empresa bem organizada e eficiente. Alguns acham especialmente difícil responder à pergunta chave: como era a igreja do Novo Testamento em relação a de nosso ideal moderno? Evidentemente, os cristãos primitivos, não construíram suntuosos templos com bancos confortáveis para acomodar centenas de membros. Mesmo assim essas igrejas pequenas cresciam, persuadiam, treinavam informalmente seus membros. Podemos detectar várias motivos porque as igrejas primitivas cresceram, sem mencionar o poder indispensável do Espírito Santo (At 1.8 ):

PRIMEIRO
O primeiro elemento chave foi a naturalidade com que os primeiros adaptaram os lares para substituir a sinagoga como local predileto para os cultos. "Partiam pão de casa em casa " (At 2.46) pode ser uma referência às reuniões de fraternidade (ágape) junto com a Ceia do Senhor (l Co 11.17-34). Oscar Cullmann, renomado estudioso do Novo Testamento, pensa que toda reunião das igrejas primitivas celebravam a Ceia como parte do culto.

SEGUNDO
As reuniões permitiam muita informalidade. "Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outro, língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação" (1Co 14.26). Participação como esta tem a vantagem de envolver os membros da igreja, o que dificilmente ocorre em igrejas grandes cheias de espectadores.

TERCEIRO
O convite para incrédulos entrar na casa para observar os procedimentos da reunião também tinha o seu lado positivo. Paulo recomendou aos membros, profetizar, para convencerem os não convertidos, manifestando os segredos dos seus corações. Isso deve trazer arrependimento e adoração (l Co 14.24,25). Nas reuniões pequenas do primeiro século se evangelizava ainda que este não fosse o propósito do culto. Integração, dentro da comunidade, foi algo fácil e natural. Dr. Michael Green considera a evangelização nas casas um dos métodos mais importantes dos primeiros séculos. As vantagens são óbvias, tais como, a facilidade da troca de idéias, não isolar o líder ou pregador, dos ouvintes, o convívio da hospitalidade na hora de comerem juntos, a atmosfera descontraída, a possibilidade de responder perguntas e a criação de pressão suave pela amizade (Evangelização na Igreja Primitiva, Ed. Vida Nova, 1984, p. 252). Nos lares, a conversão dos maridos, mulheres e crianças se torna mais natural (Paulo reconhece esse fato em l Co 7.14 em l Pe 3.1).

QUARTO
As reuniões de poucas pessoas facilitavam o desenvolvimento de comunhão (koinonia) mais estreita e íntima do que ajuntamentos de grandes números de pessoas. Todas as exortações mútuas, que os crentes primitivos foram encorajados a receber e praticar, mostram claramente que somente em grupos pequenos era possível cuidarem uns dos outros.

QUINTO
Somente em grupo reduzido pode se esperar uma preocupação mais genuína com os desviados e problemáticos. Como podia Paulo ter se preocupado entre o desentendimento entre Evódia e Síntique se a Igreja de Filipos tivesse mil membros? (cf. Fp 4.2). Só é possível saber o que realmente está acontecendo em toda a igreja quando o número de membros é pequeno.

SEXTO
A diversidade dos tipos de reuniões que se realizavam no período do Novo Testamento, mostram a eficiência na criação de vínculos de amizade e comunhão. No Novo Testamento encontramos reuniões de: oração (At. 12.12); de comunhão (21.7); de celebração da Ceia (2.46); de culto e ensino (20.7); evangelísticas (16.32); para ouvir e apresentar as Boas Novas (10.22); para responder perguntas (18.26); um ensino mais formal (5.42) e para debate (28.17,18 ). Paulo ao revelar que além de um ministério público, ele admoestava "a cada um com lágrimas", de casa em casa (At 20.20,31), mostra o equilíbrio entre a proclamação do evangelho, para os pagãos, e o discipulado individual e em pequenos grupos.

ALGUMAS IMPLICAÇÕES Parece que vantagens poderiam ser aproveitadas se as igrejas que idealizam templos grandes e organizações eficientes incorporassem nos seus planos, grupos menores, que refletem a natureza das igrejas do Novo Testamento. Não é uma maldição crescer numericamente até o ponto em que nem o pastor conhece pessoalmente todos os membros de sua igreja. Por outro lado, não pode ser vontade de Deus que os membros não tenham alguns irmãos que os conheçam bem. Somente assim pode-se cumprir a ordem bíblica, "... Exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado" (Hb 3.13). Em grupos menores torna-se possível orar participativamente. Os pedidos e respostas podem ser compartilhadas para o louvor do Senhor que o ouviu e respondeu. Em reuniões nos lares pode-se saber dos problemas mais profundos que os irmãos passam sem o constrangimento natural que há em reuniões numerosas na igreja. Em reuniões menores há necessariamente a participação maior de líderes em potencial. Podemos ter certeza que em igrejas que restringem sua vida comunitária aos templos grandes deixarão passar desapercebidos muitos irmãos que tem dons e talentos enterrados.

CONCLUSÃO A glória de Deus é a finalidade da igreja e todos os seus ministérios. Devemos continuar a dialogar e buscar nas páginas das Escrituras qual é a estrutura mais prática para alcançar os objetivos que a Palavra nos revela.

O autor é editor da Biblia Vida Nova e professor de Grego e Exegese na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário